sábado, 28 de junho de 2014

Fauna brasileira tem 1 051 espécies ameaçadas de extinção

Estudo apresentado pelo Ministério do Meio Ambiente mostrou que o tatu-bola é

 um dos animais em situação de risco; já a baleia jubarte saiu da lista e está fora 

de perigo

Tatu-bola em Brasília
Tatu-bola: habitat da espécie diminuiu (Mark Payne-Gill/AFP)
O estudo Avaliação do Risco de Extinção da Fauna Brasileira, desenvolvido por 929 especialistas entre 2010 e 2014, mostra que atualmente 1 051 espécies de animais estão ameaçadas de extinção. No primeiro relatório, de 2003, a lista era composta por 627 espécies. "A situação não piorou. O universo analisado quintuplicou, daí o aumento da lista", afirmou o diretor de pesquisa, avaliação e monitoramento de biodiversidade do Instituto Chico Mendes, Marcelo Marcelino, responsável pela coordenação do trabalho.
Das 7 647 espécies avaliadas (o que representa 74% dos vertebrados do Brasil), onze foram consideradas extintas e 121 tiveram sua situação agravada — entre elas o tatu-bola. "Seu habitat, a caatinga, vem sofrendo uma redução. Além disso, o tatu-bola é muito vulnerável à caça", explicou Marcelino. Para outras 126 espécies, a ameaça foi reduzida, mas ainda persiste.
O trabalho mostra que 77 animais saíram da situação de risco, a exemplo da baleia jubarte. Em 2012, foram contabilizadas 15 000 dessas baleias, ante as 9 000 encontradas em 2008. Duas espécies dos macacos uacaris e o peixe-grama também estão fora de perigo.


Medidas preventivas —
 Os números foram apresentados nesta quinta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Além do balanço, ela anunciou um pacote de medidas para tentar preservar a fauna brasileira. Entre as ações, está a suspensão da pesca e comercialização do peixe piracatinga, por cinco anos. A regra, que começa a valer a partir de janeiro de 2015, tem como objetivo proteger o boto vermelho e os jacarés, que são usados como isca para a pesca do peixe. "Vamos criar um grupo para tentar encontrar alternativas a essa prática", afirmou Izabella. Pesca acidental e comercialização de tubarão-martelo e lombo-preto também estão proibidas, a partir da agora. As duas medidas foram adotadas em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura.
Segundo Izabella, haverá uma força-tarefa de fiscalização, formada pelo Ibama, ICMBio e Polícia Federal para combater a caça da fauna ameaçada, como peixe-boi da Amazônia, boto cor-de-rosa, arara azul de lear, onça pintada, tatu-bola, tubarões e arraias de água doce. A ministra também anunciou a extensão da Bolsa Verde para comunidades em situação de vulnerabilidade econômica em regiões consideradas relevantes para conservação de espécies ameaçadas de extinção. A bolsa será no valor de 100 reais mensais.
(Com Estadão Conteúdo)
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/fauna-brasileira-tem-1-051-especies-ameacadas-de-extincao
22.05.2014

Os peticidas e a morte das abelhas

http://www.esquerda.net/artigo/novo-estudo-responsabiliza-pesticidas-pela-morte-de-abelhas/33158

Novo estudo responsabiliza pesticidas pela morte de abelhas

Um painel de cientistas ligados à associação ambientalista IUCN analisou 800 estudos publicados sobre os efeitos dos pesticidas em várias espécies, como as abelhas e as borboletas, concluindo que há provas suficientes para impedir a sua utilização.
Abelhas estão entre as principais vítimas dos pesticidas com neonicotinóides. Foto Texas Eagle/Flickr
O estudo será publicado na revista Environment Science and Pollution Research e vai para além da análise dos efeitos dos pesticidas nas abelhas, abrangendo também as aves ou as minhocas. "A prova é muito clara. Estamos a assistir a uma ameaça à produtividade do nosso ambiente natural e cultivado, semelhante à colocada pelos organofosfatos ou o DDT", afirmou um dos autores do estudo, Jean-Marc Bonmatin, do Centro Nacional para a Investigação Científica de França.
Este estudo conclui que em vez de proteger a produção alimentar, o uso destes pesticidas põe em causa a própria infraestrutura que a sustenta, "pondo em perigo os polinizadores e os controladores naturais de pragas que estão no  coração de um ecosistema funcional". No grupo mais afetado pelos efeitos dos pesticidas destacam-se as minhocas, seguindo-se os insetos polinizadores como as abelhas e as borboletas, expostas a alta contaminação através do ar e das plantas.
A exposição à poluição causada pelos químicos destes pesticidas, que são os mais usados a nível mundial, vai muito para além da área onde são usados os pesticidas, revela ainda o estudo, antes de apelar a um maior controlo e recurso ao princípio da precaução por parte das entidades que regulam o uso dos neonicotinóides.

Guardiões das árvores: Histórias de cidadãos que lutam pela preservação de árvores são testemunhos das mudanças de cada região de Curitiba

Em 2012, o empresário Carlos Eduardo Andersen, de 39 anos, ficou amarrado junto à paineira rosa por 16 horas, para salvá-la do corte.
ESPECIAL

Guardiões das árvores

Henry Milléo /Gazeta do Povo / Em 2012, o empresário Carlos Eduardo Andersen, de 39 anos, ficou amarrado junto à paineira rosa por 16 horas, para salvá-la do corte.

22/06/2014 | 00:04 | 
Certamente você deve se lembrar do nome dos seus amigos, da marca do carro que passou pela avenida há poucos minutos, do tipo de sapato que está usando. Porém, é muito mais difícil saber de pronto o nome daquela árvore da esquina ou da frente da sua casa. Elas podem até passar despercebidas durante a rotina acelerada da semana, mas fica impossível imaginar uma bela paisagem urbana sem elas.
Embora alguns se preocupem somente com a sujeira que as folhas e flores fazem no quintal, outros estão empenhados em mostrar a importância da preservação de cada uma dentro da cidade. O empresário Carlos Eduardo Andersen, de 39 anos, ficou indignado quando soube que a velha paineira rosa seria cortada por reclamações da vizinhança. A exuberante árvore localizada na Rua João Havro, no bairro Boa Vista, viu muito casal apaixonado se encontrar debaixo de sua copa, vem abrigando passarinhos nos fins de tarde de verão e sempre encheu os olhos dos moradores mais velhos.
Como tombar uma árvore?
Para que certas árvores não sejam derrubadas, elas podem ser tombadas pelo governo estadual ou municipal. A avaliação é feita por um grupo de biólogos e agrônomos do governo, que decidem ou não pelo tombamento, conforme a localização, beleza, porte, raridade, espécie e história da árvore. Alguns dos 27 exemplares sob a guarda da prefeitura e nove do estado são nativos da região, outros vieram com os primeiros imigrantes do estado. Qualquer pessoa pode entrar com o processo de tombamento de uma árvore, que é feito na Secretaria Municipal do Meio Ambiente ou pela Curadoria do Patrimônio Natural da Secretaria de Estado da Cultura.
Mais informações pelo telefone (41) 3312-0401 (Coordenação do Patrimônio Cultural do Estado do Paraná).
A quantidade de histórias da paineira rosa, uma das mais antigas moradoras do bairro, levou o empresário a lutar por sua sobrevivência. Andersen entrou com uma ação na Justiça em 2012 e alegou que não havia motivo para a retirada da planta. “Para evitar que a prefeitura começasse o corte antes da avaliação do caso pelo juiz, eu me amarrei junto à árvore por 16 horas. As pessoas começaram a apoiar a minha iniciativa, incentivavam, levavam lanche...”, recorda.
Depois de salvar a histórica paineira, Andersen soube de casos semelhantes envolvendo moradores de diversos lugares da cidade. “Ouvi muitos relatos e resolvi juntar todos num blog. Começamos a divulgar as ações da prefeitura e os casos das árvores para tentar quebrar esse ciclo negativo”, conta. Sua causa ganhou adeptos e atualmente dez voluntários participam do movimento Vândalo Verde. “Nós fizemos várias ações: distribuímos cartazes, saímos em grupos tocando músicas para denunciar cortes irregulares, fizemos resgate de mudas de árvores de grande porte e replantamos em lugares em que elas possam ter mais espaço”, resume o ativista.
Um bosque dentro do bar
Preocupado em harmonizar a cidade com a natureza, o proprietário do The Patch Art & Bar (Rua Prof. Brandão, 51 - Alto da XV), Ivo Durante, de 28 anos, resolveu criar uma espécie de pomar nos fundos do espaço cultural. “Há mais ou menos duas semanas eu e mais alguns voluntários, frequentadores do bar, estamos plantando árvores que dão laranja, limão galego, pêssego, mexerica, maracujá e jabuticaba”, revela. Segundo ele, a ideia é montar um espaço em que os visitantes possam ter mais contato com a natureza, com horta de temperos e um pequeno jardim florido. As mudas foram conseguidas com doações de amigos. O bar, administrado por Durante e seus dois irmãos, concentra diversas expressões artísticas, como música, artes plásticas e fotografia.
Jasmim do Imperador
Foi em 1961, escondida na bagagem do empreiteiro Massyuqi Watanabe, que a muda do Jasmim do Imperador, ou Flor de Ouro, veio do Japão para o Brasil, de navio. Ele e a esposa, Massao Watanabe, chegaram a tomar menos água durante a viagem para regar a planta. Ao chegar no Brasil, cujo clima é completamente diferente ao do Japão, Watanabe deu o pequeno Jasmim do Imperador para seu filho Seizo Watanabe, hoje com 89 anos, plantar em casa, na Rua Ana Berta Roskamp, no Jardim das Américas – por receio de que a planta não crescesse no solo quente de Londrina.
A relação com a árvore é afetiva: o Jasmim do Imperador é um símbolo da terra natal da família – a província japonesa de Mianyang. E remete também à época em que os Watanabe sofreram com o tsunami em 1933, que arrasou construções e destruiu cidades inteiras. Além de bela, ela exala um perfume adocicado na floração. Massyuqi Watanabe adorava esse cheiro de tal maneira que resolveu trazer o vegetal para o Brasil.
Os anos se passaram, a família foi crescendo e a árvore também. Massyuqi Watanabe envelheceu, assim como sua esposa, mas o Jasmim do Imperador não florescia. “Meus pais esperavam ansiosos pelo dia em que a árvore florescesse e ele pudesse sentir o cheiro de sua terra. Eles esperaram tanto que os vizinhos e alguns da família diziam que meu pai foi enganado pelo comerciante que vendeu a muda para ele”, contou Seizo Watanabe.
Finalmente, depois de longos anos de espera, a robusta árvore floresceu em agosto de 1975. Mas suas flores chegaram tarde demais: Massyuqi e Massao faleceram alguns meses antes. “Quando a árvore floresceu, a família dizia que foi graças à mamãe”, lembrou Seizo. E o perfume não lhe sai da cabeça: “O cheiro lembra manga, o aroma doce da maçã”, descreve.
Eram tantas flores que o quintal da família ficava forrado. Os moradores da região, quando passavam próximo à casa dos Watanabe, tentavam descobrir de onde vinha aquele aroma. “Muitas pessoas passavam e pediam uma muda da planta, e eu entregava”, lembra. Mas, infelizmente, a árvore não agradava a todos. “O vizinho da casa ao lado reclamou na prefeitura, dizendo que as raízes da árvore estavam prejudicando a estrutura da casa deles. A prefeitura veio até aqui, viu que a árvore estava doente e a cortou”, lamenta. Mesmo assim, Seizo Watanabe se consola por ter distribuído mudas da árvore para amigos e familiares: “Assim a árvore do meu pai vive um pouco em vários lugares do Paraná”.