A pergunta que temos que fazer é: a quem interessa a alteração do Código Florestal, que é aplaudido e defendido pelos ruralistas e rejeitado, vaiado e recusado pelos movimentos socais, camponeses e ambientalistas?
Poderíamos cair numa cilada, se considerássemos que o simples fato de que sendo defendido por ruralistas ligadas ao grande agronegócio já fosse suficiente para acharmos que não é bom.
Também seria cair em outra armadilha, se o fato de ambientalistas, gente do campo e movimentos organizados e cidadãos conscientes, colocarem-se contra as alterações propostas, já nos tivesse convencido de que as alterações propostas são prejudiciais a todos.
Vamos deixar bem claro: não estamos entre inocentes.
Mais do que associarmos prós e contras aos seus defensores ou detratores, vamos aos fatos.
Não se pode aceitar: a anistia completa aplicadas pelos desmatamentos em áreas de proteção permanente – APPS, que deixa muito claro que o crime compensa; a exploração das áreas já desmatadas, sem a imposição de restauração destas áreas; o desmatamento e uso de áreas de topo de morro; a compensação de reservas legais em outras áreas (quer dizer: eu corto aqui e replanto lá, como se para a natureza essa conta compensatória valesse); a recuperação de reservas legais com espécies exóticas (até 50% !!!!); queda da função social da propriedade rural, de forma que áreas para a reforma agrária brasileira, não existirão mais.
Pergunta: estas alterações interessam a quem? ao pequeno agricultor, ou... ao ruralista, leia-se: ao que concentra renda, ao que defende a monocultura, ao que desmata para plantar soja e criar gado; ao que aplicou defensivos agricolas até matar todos os rios, florestas e animais, e não quer acertar as suas contas com a natureza e a sociedade brasileira.
O que quer o movimento campesino: manejo florestal da Reserva Legal, quer dizer, utilização da floresta de forma que ela se mantenha em pé; recuperação das APPS e das Reservas Legais, com adubação verde ou culturas anuais: feijão, milho, mandioca, arroz, junto com espécies nativas. As RL, recuperação com plantio associados de frutíferas e algumas plantas madeireiras exóticas.
Vejamos: os movimentos sociais defendem um processo simplificado de averbação das reservas legais; políticas públicas para fomento e recuperação das RLs e APPS, com recursos para a produção e alimentos sem agrotóxicos, com programas para a aquisição e produção de mudas e sementes, para serem compartilhadas entre todos; qualificação e assistência técnica; garantia de comercialização dos produtos; pagamentos por serviços ambientais: quem tiver floresta em pé deve receber um recursos financeiro pelos serviços ecológicos !
Entenderam ? Tudo o que movimento campesino quer não depende de alteração do Código Florestal ! O movimento campesino defende a alteração da lei em apenas um quesito: atualização do que seja “pequena propriedade”.
Sem querer defender um pensamento maniqueísta, em que ficam de um lado os bons e do outro os ruins, nós ambientalista, temos que ter a clareza do que queremos:
- Queremos a preservação de biomas, florestas em pé, com suas raízes profundas que seguram o solo e que permitem que a água entre pelo solo e abasteçam os lençóis freáticos?
- Queremos a garantia de que morros e leitos de rios estejam protegidos de erosão e assoreamento?
- Queremos alimentos sem venenos?
- Copadas de árvores suficientes para mantermos corredores de vida e biodiversidade ?
- Queremos refrear o aquecimento do planeta, que tem trazido as catástrofes, que aniquilam populações humanas e não humanas?
- Que aqueles que cometem crimes contra o meio ambiente sejam punidos ?
- Queremos uma alteração nos modelos e produção e consumo ?
- Queremos garantir que aquele que vive de forma equilibrada do que a terra produz possa sobreviver ?
- Queremos que outras e futuras gerações de seres humanos, não humanos, espécies vegetais e toda a ordem de seres que compõem a rede da vida tenham a garantia de sua sobrevivência
A pergunta que temos que fazer é: a quem interessa a alteração do Código Florestal, que é aplaudido e defendido pelos ruralistas e rejeitado, vaiado e recusado pelos movimentos socais, camponeses e ambientalistas?
Nossa obrigação ? escolhermos o melhor lado e atuarmos na defesa de nosso ponto e vista !
Então temos que escolher um lado e este lado, nos parece bem claro: rejeição da alteração do Código Florestal Brasileiro conforme proposta pelo Deputado Aldo Rebello, que só vai beneficiar a quem transformou o Brasil no maior consumidor de agrotóxico do Planeta, que tem praticado a exploração de outros seres e a destruição do meio ambiente. E defesa do lado dos mais fracos: a grande maioria da sociedade brasileira.
Laelia Tonhozi
Laelia Tonhozi
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