No entanto, nos surpreendemos quando os indivíduos que encontramos não são aqueles que comumente aparecem pelo nosso caminho, como é o caso das tartarugas.
Sabemos que este olhar seletivo, fruto de nossa construção cultural que nos faz valorar e decidir que uns seres valem mais que outros, a que se atribuiu o nome de especismo eletivo, nos cega diante da vulnerabilidade, atributo de todos os seres. Mas não é isto que está em jogo neste momento. Senão por uma questão.

Cabe relatar que uma das tartarugas que encontramos, a qual, na nossa ingênua avaliação, ainda estaria viva, foi resgatada, a nosso pedido, pelo laboratório de mamíferos do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná, para pesquisa. Esta e as demais, para nossa tristeza, já se encontravam mortas. Seriam tratadas se estivessem vivas.
E aí veio a aula.

Relata-nos a pesquisadora que estas mortes são bem comuns, o que não significa que sejam normais e que não possam ser evitadas.
Essas tartarugas morrem, principalmente, pela ingestão de lixo. Isso mesmo, minha gente: lixo! Ou porque sofrem uma constrição estomacal por se sentirem satisfeitas, saciadas e deixam de comer, morrendo de inanição ou porque sofrem machucaduras no intestino, que as levam à morte.
O outro motivo é a captura acidental pelas redes de pesca. Frisa bem a pesquisadora: são capturas acidentais porque não há uma intenção deliberada de pescar estas tartarugas.
Todavia, todos sabemos que a prática da pesca de arrasto, a pesca predatória, poderiam evitar estes incidentes. E o alto consumo de pescados (filé de peixe também é carne...) e outros frutos do mar geram uma demanda que é suprida pelas operações irresponsáveis.
Bem, depois desta aulinha sobre tartarugas, temos que pensar novamente: e o que é que eu tenho a ver com isso?
Você sabe aquele saquinho de supermercado que, por preguiça ou “só desta vez” ou “por que só eu?”, você insiste em aceitar? Lembra-se da garrafa de refrigerante que o seu vizinho na areia da praia largou para trás? E a latinha do refrigerante, da cervejinha. E mais, o filtro solar que acabou na praia? Pois é: a tartaruga comeu!
Fiz um teste no mesmo final de semana: delimitei uma área de 100 passos por 50 passos e peguei 5 sacos de lixo de 100 litros . Determinei que esse seria o meu limite para avaliar em quanto tempo eu encheria os sacos.
Em míseros 30 minutos, os 5 sacos estavam cheios até a boca: 32 tampinhas de plástico, 7 garrafas pet, 5 pés de sandálias de borracha, saquinhos e mais saquinhos, 2 frascos de filtro solar, pedaços de brinquedos, 2 garrafas de vidro. O resto, restos. Nossos restos.
Minha gente, as férias estão chegando: que a morte dessas tartarugas possa nos ensinar alguma coisa !
Atitudes dos bem:
1. não aceite saquinhos plásticos nas suas compras: leve sua sacola retornável !
2. recolha os saquinhos, latinhas, brinquedos e outros objetos que você encontrar na areia. Faça isto sem afrontar as pessoas no entorno. Seja um exemplo, não uma ameaça.
3. traga de volta para casa o lixo reciclável que você gerar no litoral.
4. cobre das autoridades políticas de educação ambiental, a coleta seletiva do lixo e a destinação adequada e apóie os Conselhos Comunitários e Associações locais.
5. comunique os órgãos responsáveis a localização de animais mortos ou não que encontrar na faixa de areia (pingüins, tartarugas e outros).
6. não apóie a pesca predatória.
7. seja vegetariano !
Curta as férias respeitando a vida de todos os seres da natureza !
_______________________________________________________________
Laelia Tonhozi é educadora ambiental, ativista na defesa dos direitos dos animais e milita no Movimento SOSBICHO, Curitiba, Paraná
Nenhum comentário:
Postar um comentário