Bugio é um dos 40 mamíferos que vivem em Curitiba
MEIO AMBIENTEMuito além de jacarés e bugios
Inventário da prefeitura apontou a existência de 499 espécies silvestres coabitando a área urbana de Curitiba
22/04/2014 | 00:09 | RAPHAEL MARCHIORI
A presença frequente de animais silvestres – como bugios, jacarés e capivaras – nos quintais curitibanos não é em vão. Levantamento da prefeitura apontou a existência de 499 espécies diferentes na área urbana da capital paranaense – quantidade que pode ser ainda maior, já que o trabalho ainda não chegou a todos os bairros da cidade.
“Ele [o inventário] ainda não está padronizado. Estamos trabalhando há bastante tempo, em consórcios com outras instituições, mas com esforços concentrados em algumas áreas”, afirma Vinicius Abilhoa, diretor do Museu de História Natural.Segundo o Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria de Meio Ambiente, 370 espécies de aves respondem pela maior parte desse inventário – mas há também 37 de peixes, 30 de serpentes, 10 de anfíbios, 2 de lagartos, 10 espécies de abelhas silvestres sem ferrão e 40 de mamíferos.
Do final de 2012 para cá, o curitibano teve encontros inusitados com algumas dessas espécies: na rodoviária da cidade viu uma capivara e no principal parque, o Barigui, topou com um jacaré na pista de corrida. No Uberaba, uma dona de casa se assustou com um enorme bugio – tipo de macaco. Já em uma empresa localizada na Rodovia dos Minérios quem deu as caras foi um veado, uma fêmea, que acabou capturado e solto no Parque Lago Azul, no Umbará.
Destino
Segundo Abilhoa, quando um desses encontros ocorrer, a pessoa deve imediatamente procurar órgãos ambientais, como o Ibama ou a Polícia Ambiental. O tratamento dispensado depois, porém, irá variar de acordo com a espécie. “No caso do bugio, por exemplo, o Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres) o acolheu porque ele precisava de cuidados. Há espécies, porém, que podem ser soltas na natureza imediatamente. Mas todas elas são catalogadas e monitoradas”, afirmou.
Em um documento da SMMA intitulado ‘A Cidade e Seus Bichos’, há menção aos riscos de se capturar todo e qualquer animal silvestre encontrado em meio urbano. “Esse efeito ‘tira daqui e bota em outro lugar’ pode causar, a médio prazo, uma migração forçada de animais. Mas [já existe] uma nova abordagem que permite, após o tratamento e microchipagem, a soltura de animais silvestres nativos em praças e parques da cidade”, diz trecho do documento.
Como são muitos grupos animais e a ocorrência deles depende das características de cada região, é comum encontrá-los em áreas distintas. Os bugios, por exemplo, estão mais na região sul de Curitiba, mas um deles foi visto no Uberaba – leste da cidade. Para não se assustar com uma aparição como essa, a regra é simples: deixe de lado a ‘biofobia cosmopolita’, acione os órgãos ambientais e desfrute do encontro.
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