Educar para o respeito tem sido um desafio aceito por nós,
educadores e defensores dos direitos animais.
Sempre nos fazem as mesmas perguntas: quantos animais vocês
têm em seus abrigos ? Quando respondemos que nenhum, porque não temos abrigo, porque nossa missão é ensinar, educar, para a
transformação da sociedade e suas relações com os demais seres, bem como,
defender políticas públicas para garantia do direito de todos, nem sempre somos
bem compreendidos.
Como ? Sempre temos esta reação vinda do outro lado.
Sobretudo de jornalistas e repórteres que nos procuram para depoimentos sobre
temas pontuais. Ainda não conseguimos fazer com que sejamos compreendidos.
Ainda não conseguimos conquistar para nós o direito de sermos defensores dos
animais sem que sejamos “protetores”, no sentido tradicional, ou seja: aqueles
que levam animais para os seus lares ou que mantêm abrigos, ou que se dediquem
ao trato de animais para futuras adoções, entre outras tarefas igualmente
louváveis.
Do outro lado, o silêncio traduz a frustração. E como
adendo: “a gente volta a ligar”. O que não ocorrerá.
A bem da verdade, nem entre nossos companheiros somos bem
compreendidos.
Poucos têm o entendimento de que a educação humanitária,
aquela que fortalece valores que valem para tudo na vida, seja um meio de
garantirmos os direitos animais, ou em outras palavras, “proteger os direitos
animais”, ou em outra compreensão, de garantir a “proteção aos animais” como um
direito.
É nesta linha de entendimento, que abordamos a “guarda
responsável de animais”, não como uma “obrigação do tutor ou proprietário pelo
seu animais”, todavia, como um “direito” que o animal tem.
Também, nesta mesma linha de compreensão, educamos para a
mudança de nossa forma de produção e consumo. Assim, abordamos o vegetarianismo
ou o veganismo, como uma forma diferente de se relacionar com o mundo, no
pressuposto de que não somos donos uns dos outros, de forma que não podemos nos
apropriar do outro.
Também desenvolvemos o tema do respeito às diferenças e a
garantia de direitos diferentes a seres diferentes, de acordo com os interesses
e necessidades de cada um.
Plantamos árvores para a compreensão da vida, do respeito às
espécies, da harmonia e da beleza.
E os temas abordados são inesgotáveis, como são inesgotáveis
os problemas e as soluções.
Como garantir, entretanto, o reconhecimento de nossa tarefa
como ativistas e educadores ? Como resposta (vulnerável resposta) afirmo que é
mantendo a moral alta, a resiliência em nossas crenças, porque só conquistaremos
o reconhecimento quando justamente tivermos feito reconhecer que acima dos preconceitos
que traduzem o que somos como seres desta civilização, mantém-se firme e forte
a convicção de que: os animais têm direitos, sim, de serem respeitados e eu como
cidadã, o direito de defender a garantia de que aqueles vivam em paz, mesmo que
para isto, muitas gerações de educadores sejam necessárias para que novos
valores, pautados em outras éticas, tenham que dedicar suas vidas nesta
desafiante missão.
*Laelia Tonhozi é educadora ambiental, atua em Curitiba, em
estratégias educativas em escolas. É membro do Movimento SOSBICHO.
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