Curitiba perdeu um pouco de sua beleza entre a noite de 10 e 11 deste
abril: suas ruas assistiram uma triste cena covarde e cruel em que de um lado
estava uma mãe amamentando seus filhos e do outro um policial militar armado.
De um lado, naquela noite que já apontava uma mudança brusca em nosso
clima ameno de outono, apontando-nos o inverno de nossos corações, uma
cadelinha de rua para proteger seu tutor, também um desassistido morador de
rua, latiu e rosnou. E pagou com a
própria vida, pelos tiros que do outro lado lhe deferiu à queima roupa um
agente da segurança pública, que está aqui para nos proteger e não para matar.
Que a vida de Polaca e de seu amado tutor tenham tão pouco valor, isto
não é novidade. Pobres humanos e não-humanos assim são valorados: são quase um
nada.
O que não se espera é que se justifique esta morte com mentiras ou
“razões humanas”, confirmando que nossa civilização ainda vive tempos de
barbárie.
Não nos podemos permitir o cinismo, o descaso, a indiferença, sob o
risco de estarmos descambando de vez para o abismo da imoralidade ou da
amoralidade.
Valores éticos de solidariedade, respeito, compaixão, empatia, são
pilares basilares de nossa civilização. Perdemos isto, perdemos tudo.
Banalizamos a violência que se interpôs entre dois seres de desigual poder, e
avalizamos a quebra de nossos princípios.
O que nos conforta é constatar que milhares e milhares de seres humanos
se compadeceram e se revoltaram pelas redes sociais diante do ocorrido. Nem tudo
está perdido.
O que nos conforta, é saber que protetoras compassivas e amorosas
acolheram os filhotes da cadelinha morta que lá no céu dos bichos observa
nossos passos, que devem ser firmes e certeiros.
Faremos justiça por você Polaca!
E que não se discrimine, que não se violente, que não se matem humanos
e não humanos pobres que vivem nas ruas!
Texto de Laelia Tonhozi
Educadora Ambiental Humanitária
Movimento SOSBICHO
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