Já tínhamos notícias de que naquela cidade se desenvolvia um controle ético de populações de cães e gatos, como política pública, de graça para a população e com uma abrangência cuja quantidade de procedimentos superava qualquer iniciativa brasileira ou sul-americana.
Quando decidi que a minha monografia na pós-graduação em Meio Ambiente trataria do assunto, não tive dúvidas: em abril de 2009 desembarquei em Almirante Brown , para ver de perto se era tudo verdade.
E era: por pressão da sociedade civil, o município passou a desenvolver desde o ano de 2000, por Lei Municipal, a esterilização e o atendimento de animais gratuitamente, na medida da demanda que a própria sociedade determina. Isto quer dizer: todos os que procurarem o serviço social de saúde serão atendidos. E um detalhe: todos procuram.
Quais são os diferenciais básicos desta política? Sempre nos perguntam isto e dão o exemplo de outras cidades brasileiras que também esterilizam animais.
A nosso ver, a diferença básica está em considerar que se educa para a guarda responsável de animais pela esterilização cirúrgica e pelo tratamento que se dá no cão ou no gato tutelado pelo cidadão.
Ao invés de promover programas educativos de guarda responsável de animais, recomendando aos cidadãos o atendimento às necessidades de seus tutelados, o município argentino oferece o serviço aos seus cidadãos, de forma que ele possa exercer a guarda responsável.
A partir do momento em que o cidadão procura o serviço, está reconhecendo o valor do animal sob sua guarda. O animal deixará de ser um “incômodo” e passará a fazer parte da família. Com o tempo, eles serão raros, pois poucos estarão nascendo; eles serão longevos, viverão mais tempo com a família, pois estarão livres de doenças de motivações hormonais ou decorrentes de contatos com outros animais doentes; estarão livres das agressões e rejeição, devido à intolerância da comunidade humana pela manifestação natural de uma cadela ou uma gata no cio, disputadas pelos machos da espécie. E mais, estabelecerão um vínculo duradouro e aprenderão que os animais são seres que devem ser cuidados e respeitados.
Assim, a comunidade de Almirante Brown acreditou na educação-ação e hoje já reconhece que o controle da procriação é necessário, não só pelo bem dos animais, mas também pelo bem das pessoas, que ficam melhores quando praticam a boa cidadania.
O Movimento SOS Bicho de Proteção Animal trouxe a representante do Programa, Mariza Antoniazzi a Curitiba, onde promoveu no ano de 2009, um Seminário para que mais pessoas possam acreditar que é possível desenvolver uma política pública de esterilização de animais, como estratégia de saúde e de educação. Mantemos um diálogo permanente com os coordenadores do projeto argentino e somos responsáveis pela divulgação desta experiência no Brasil.
Quando um novo modo de viver se modifica em uma sociedade, este comportamento torna-se a regra a ser seguida. É o novo valor que serve de modelo e de parâmetro. De forma que investir e acreditar que podemos mudar a nossa cultura, é o primeiro passo para atingirmos a nossa meta.
Educadora Ambiental
Movimento SOSBICHO
Un día en el CMSAZ: http://video.google.es/videoplay?docid=6941004456669479916
Também se pode assistir ao video de USA sobre Castraçao Precoce....
Esterilización Temprana: http://video.google.es/videoplay?docid=-2945690281681159795&hl=es
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