segunda-feira, 4 de julho de 2011

Verde-Rosa São Francisco - em julho: vamos cuidar do nosso jardim ?

O encontro do dia 16 de julho será dedicado aos cuidados do jardinete adotado pelo Projeto Verde-Rosa São Francisco, que fica no entroncamento da Rua Jaime Reis com a Rua 13 de Maio, no Bairro São Francisco.
O Jardim Frederico Kirchgassner, que tem este nome em homenagem ao arquiteto que construiu algumas residências em estilo muito avançado para sua época.
O Projeto Verde-Rosa São Francisco adotou em seu primeiro evento, no dia 26 de março e 2011, o Jardim Frederico Kirchgassner para mantê-lo à altura de seu homenageado, para o usufruto dos pássaros e outros seres que ali vivem e para que os cidadãos de Curitiba possam se orgulhar por preservarem aquele pequeno pulmão no centrinho da cidade de Curitiba.


Venha se encontrar com a gente: estaremos esperando você e para não nos perdermos, também teremos gente aguardando nas Ruínas de São Francisco.

Traga algumas muds de flores e folhagens, se tiver vontade de plantar alguma coisa.
Traga uma ferramenta para jadinagem para trabalharmos juntos e sobretudo, traga muita energia e alegria no coração.
Sábado, dia 16 de julho, às 14 horas !!!!!!
Encontro marcado !

 

 Publicamos abaixo o artigo que nosso querido e saudoso Aramis Millarch escreveu em 1991. Ali não cita a homenagem que foi feita pelo Município, atribuindo ao  Jardinete  o seu seu nome e que fica exatamente em frente à casa da esquina da 13 de Maio, a que se refere o autor.

Kirchgassner, um pioneiro da arquitetura que foi esquecido.

Poeta, pintor, arquiteto, construtor, urbanista, agrimensor, Frederico Kirchgassner (SC, 12/4/1899 - Ctba, 1988) é uma das personalidades mais fascinantes da arquitetura no Paraná, mas que, estranhamente, até hoje, passados três anos de sua morte, só mereceu uma única homenagem póstuma: a exposição que a arquiteta e professora Maria Luisa Valenti Piermartiri, na época na Coordenadoria do Patrimônio Histórico da Secretaria da Cultura, organizou na Galeria Banestado (29 de março a 21 de abril de 1989). 
Embora exista material esparso sobre a sua obra - inclusive alguns na Casa da Memória, até hoje ninguém teve a iniciativa de realizar uma boa biografia sobre este pioneiro da arquitetura moderna, com uma obra quase contemporânea a dos russo Gregory Warchavchik (Odessa, 1896-SP, 1972), que trouxe, em arquitetura para o Brasil. Embora alguns arquitetos de melhor formação cultural - como Lubomir Ficinski, Manoel Coelho e Rafael Dely, sempre lembrem-se de mencionar a importância de Kirchgassner em nossa arquitetura, para maioria - mesmo entre profissionais da área seu nome e sua obra vem sendo esquecidos. 



Com a preocupação de fzer um documentário capaz de mostrar ao público quem foi - e a importância de sua obra - Frederico Kirchgassner, Faissal Iskander e Naif Salah procuraram sua viúva, dona Hilda, seus dois filhos e uma neta, para colocar em imagens a trajetória deste homem que até hoje não é [sequer] nome de uma rua de Curitiba. Percursor de muitas idéias que hoje a verdejante administração de Jaime Lerner usa como marketing promocional (chegou a pensar, nos anos 30, numa espécie de veículo "ligeirinho", sobre trilhos, para atendimento de pronto-socorro), Kirchgassner já deveria ter sido enaltecido de uma forma mais concreta, inclusive com a valorização de uma de suas mais significativas obras - a sua própria residência. 
O arquiteto Key Imaguire Jr., da cadeira de Arquitetura Brasileira, no curso de engenharia da [UFPR], teve este ano uma simpática iniciativa: fixou como trabalho semestral dos alunos da 4a série a reprodução em maquete da casa de Kirchgassner, um projeto avançadíssimo para a época (1930) em que foi construído - cujas imagens estão no documentário de Faissal e Naif. Produção com recursos próprios, que chegou a ser enviadas ao Salão Curitiba Arte-6 - mas ali sendo, inexplicavelmente, cortada a idéia de se documentar visualmente a presença de Kirchgassner no Paraná é das mais válidas, justificando inclusive que se amplie este projeto. 
Nascido em Santa Catarina, mas vindo para Curitiba ainda criança, estudou na Escola alemã e, incentivando por um tio, reitor da Escola Feminina de Baden Baden, inscreveu-se em um curso de correspondência no Kunstschulle de Berlim. Durante quase toda sua vida trabalhou no Departamento de Urbanismo da Prefeitura, por onde viria a se aposentar - e, apesar disto, até hoje não foi lembrado para dar nome a uma rua esta cidade. Ou se isto aconteceu, a rua está tão esquecida em algum subúrbio da cidade que nem a sua viúva sabe disto. 
Em 1929, Kirchgassner viajou para Berlim, onde prestaria os exames e conseguiria o diploma de arquiteto, frequentando também curso de Belas Artes. Ali, conheceu Hilda, que viria a se tornar sua esposa. Em 1930, construia a casa na rua 13 de Maio esquina com a Portugal - já tombada pelo Estado - e erfletiu em sua concepção os princípios "da nova linguagem arquitetônica que defende as formas geométricas puras, a busca da essência, a criação de um emio ambiente harmonioso com condição fundamental para a renovação do homem" como escreveu a professora Maria Luisa Piermartiri. 
Ela também destaca que "em sua casa, foram objetos das novas propostas não apenas o edifício mas também o mobiliário, os papéis de parede e até as [molduras] dos quadros, em consonância com a posição gropiusiana de que "a arquitetura é o coroamento de todas as artes". Do mosaico da modernidade que estava se tecendo na Alemanha entre as duas guerras é como se uma pedra se tivesse deslocado para Curitiba, condensando-se num só artista tão variadas modalidades"(*). Infelizmente, a cidade não entendeu a sua visão vanguardista e Kirchgassner não teve muitas possibilidades de desenvolver outros projetos, dedicando-se assim mais ao urbanismo - como um dos responsáveis pelo primeiro plano diretor de Curitiba. Dedicaria-se, também, a pintura a óleo, a [têmpera], a bico de pena, "em trabalhos nos quais sua concepção romântica aparece em temas como o nascer de uma idéia ou a denúncia de falsas ilusões do povo" como disse Maria Luisa, no catálogo apresentado seus trabalhos mostrados há dois anos na única exposição realizada em sua homenagem. 
Poeta, com uma visão humanista, Kirchgassner merece ser melhor reverenciado - e o vídeo que Faissal e Naif a ele dedicaram é o exemplo do muito que se pode fazer para trazerão conhecimento de maiores faixas de público, pessoas que estão num injusto esquecimento. Nota (*) Considerado como introdutor de modernos conceitos de arquitetura no Brasil, Gregory Warchavchik desenvolveria o projeto para a sua casa em vila Mariana, SP, na mesma época em que Kirchgassner fazia um outro tão avançado quanto o seu, em Curitiba. 
O cineasta Joltam Vilela, londrinense radicado em São Paulo, realizou há três anos um belíssimo documentário de 45 minutos sobre Warchavchik, que nunca foi exibido em Curitiba. Aliás, bem que o IAB-PR, poderia promover um ciclo de filmes trazendo não só este filme, mas outras obras relacionadas a arquitetura e urbanismo. 

Texto de Aramis Millarch,  Estado do Paraná 02/06/1991"

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