Laelia Tonhozi*
O abandono é um ato que afeta e provoca alterações
físicas e emocionais profundas em quem foi abandonado.
Os relatos do abandono de velhos e crianças
revelam um sofrimento que provoca tristeza e revolta.
Com os animais não é diferente!
A sensação de estar perdido é a mesma. As
privações também serão as mesmas.
Quando o abandono é proposital, há o agravante cruel de se
saber descartado, o que acarreta uma dor maior.
Se nos colocássemos no lugar do abandonado, como
nos sentiríamos?
Vivemos uma grave crise de valores.
A sociedade humana nunca foi tão individualista.
O estímulo ao consumo, ao bem estar individual, ao sucesso
pessoal e ao dinheiro, faz com que nossos valores sejam frágeis e temporários,
já que há sempre algo novo, na moda, que nos estimula a descartar o que temos
(e que nos atrapalha) e que busquemos a novidade.
No entanto, nem sempre o abandono se dá por deliberada
crueldade. Outros motivos também se impõem à vida das pessoas, que as impedem
de agir de acordo com a forma como elas gostariam de agir. São as doenças
familiares, as dificuldades econômicas, impedimentos em mudanças de casas e
cidades, a falta de políticas públicas que deem suporte e apoio a situações
inesperadas.
Assim, da mesma forma que tristemente um velho e uma criança
sentem a dor do abandono, também um animal de estimação se vê vítima de
situações que fogem do controle, mas nem por isto, menos sofridas.
Um cão velho descartado, para a aquisição de um jovem, é
mais comum do que possamos imaginar.
Deixar para trás os gatos porque se muda para um apartamento
onde eles não serão bem vindos, faz parte do feijão com arroz de quem os
protege.
Uma égua agonizando no asfalto com a pata fraturada, sem ter
ninguém que a socorra, é mais recorrente do que aparece nos jornais.
O que cabe a todos nós é estarmos atentos a estas situações,
e jamais ficarmos indiferentes ou omissos diante de sua ocorrência.
Nós, como seres racionais que somos temos a responsabilidade
sobre o planeta e sobre todos os seres que nele habitam, porque somos parte da
vida do Planeta Terra.
Mesmo os que
não gostemos de animais, sermos solidários com sua dor e sofrimento nos fazem
seres humanos melhores, para que possamos aprimorar o mundo. Pois ninguém quer
ser abandonado.
Laelia Tonhozi é educadora ambiental, membro do Movimento SOSBICHO e coordenadora pedagógica do Projeto Ponto Final no Abandono.
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