Laelia Tonhozi*
Um dia,
a moça que protegia os animais que apareciam abandonados, maltratados, tristes,
machucados e esquecidos, perguntou-se: o que fazer para colocar um ponto final neste
abandono?
Resolveu
sair perguntando a várias pessoas que conhecia: perguntou aos seus amigos, à
sua professora, à delegada de polícia, ao promotor publico, aos seus vizinhos,
ao menino que passava todo dia com seu cachorro, à veterinária que
cuidava de sua gatinha, ao guarda de trânsito, à dona da padaria, ao pedreiro.
E até ao prefeito.
Escutou
muitas palavras que não esqueceu: responsabilidade, respeito, educação, guarda
responsável, gratidão, compaixão, alegria, solidariedade e carinho.
Ouviu
até uma frase
legal: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Soube
depois que foi um escritor francês que colocou estas lindas palavras em um
livro chamado “O Pequeno Príncipe”. O nome dele era Antoine de Saint-Exupéry.
E não é
que este cara tinha razão? E sabe por quê? Porque os animais sentem quando os
amamos, da mesma forma em que sabem quando os traímos, pela ingratidão. Eles
têm consciência de os tratamos bem, e sabem também quando os tratamos mal. E o
pior, não têm como se defender.
Mas
como fazer para colocar um ponto final no abandono, continuava se perguntando
a moça?
Como
fazer para que um cachorro velhinho não seja descartado pela chegada do filhote
novinho em folha ? E o gatinho que terá que ficar sozinho porque a
família vai viajar de férias? E o cachorrão que guarda o terreno, dia a dia
sozinho, sem abrigo e vivendo dos restos que os vizinhos lhe dão? E a
cadelinha, quem mandou ficar prenha? Rua! E a pobre égua, nem água, feno e
descanso após um dia de trabalho, com relho correndo solto no lombo?
Estes são tristes retratos do
abandono !
A moça
pensou, pensou e chegou à seguinte e brilhante conclusão: vamos transformar
aquelas palavras mágicas que escutou em atitudes e vamos colocar um ponto final no
abandono !
Juntou
as palavras e transformou num grande coro, que foi pela internet, pelo rádio,
televisão, pelas ruas, pelas escolas, pela prefeitura, por todos os becos da
cidade.
E numa só voz construiu uma outra estória...
Era uma vez uma cidade
que respeitava seus animais, porque todos compreenderam que um amigo é para a
vida toda. E todos passaram a ser solidários uns com os outros, pois aprenderam
com os animais o real significado da gratidão, compaixão, alegria,
solidariedade e carinho. E todos foram felizes para sempre.
*Laelia Tonhozi é educadora ambiental, membro do
Movimento SOSBICHO e coordenadora pedagógica do Projeto Ponto Final no
Abandono.
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