Gênero e Água
Nas zonas rurais dos países em desenvolvimento, as mulheres são as principais gestoras de recursos naturais como a água. Elas representam também mais de metade da mão de obra agrícola do mundo. Cultivam cereais para uso doméstico e para o mercado e produzem a maioria das culturas de base.
Deste modo, o trabalho e o saber das mulheres são essenciais à preservação e utilização dos recursos naturais como a água e à proteção da biodiversidade na agricultura e no meio ambiente.
“A diversidade biológica tem sofrido perdas enormes em diferentes áreas geográficas e diferentes tipos de ecossistemas. Entre as implicações da não conservação da biodiversidade estão por exemplo: o aumento das pragas com o desregular das relações tróficas nos ecossistemas, pelo desaparecimento de predadores, competidores, parasitas que controlam populações, o que pode ter implicações na saúde (doenças transmitidas por mosquitos) e alimentação (destruição de culturas por gafanhotos, por exemplo)...” (Paula Tavares, 2008)[1].
As condições ambientais contribuem significativamente para as doenças contagiosas que são responsáveis por 25% das mortes anuais no mundo inteiro. Estima-se que por meio de intervenções de protecção do meio ambiente e de uma melhor gestão dos recursos naturais se pudessem evitar 60% das doenças de infecções respiratórias, 90% das doenças diarreicas e 90% dos casos de malária.
A utilização de água contaminada por dificuldades no acesso a água potável e por falta de formação sobre as implicações do seu uso leva a que, em cada ano, 5 milhões de crianças morram por doenças diarreicas. “A água contaminada aliada a um saneamento deficiente mata 12 milhões de pessoas todos os anos” (FNUAP. “População e mudanças ambientais”, 2001). Sabemos que quando o acesso à água diminui, as fontes de água poluída e os riscos para a saúde aumentam.
Recaem sobre as mulheres o uso e gestão de recursos como a água (são elas que percorrem grandes distâncias para obter este recurso fundamental para a sua sobrevivência e da família), mas elas não têm controle sobre este e outros recursos naturais. Um dos aspectos fundamentais para que as mulheres possam ter algum controlo prende-se com o conhecimento sobre esses recursos e com o seu empoderamento enquanto pessoas para que possam ter poder de decisão sobre algo que passam a conhecer e a ter opinião própria.
Uma Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH) é cada vez mais uma necessidade assumindo carácter urgente, em países que enfrentam a escassez de água. Isso significa que as abordagens de género no sector de abastecimento de água precisam de ser adaptadas e estendidas às mais complexas estruturas institucionais da GIRH.
As perspectivas de gênero são fundamentais para se alcançar a solução mais apropriada para cada comunidade. Deve ser estimulada a participação equitativa de homens e mulheres nas comunidades compartilhando decisões, tarefas e responsabilidades.
Este grupo tem como principal objectivo incorporar a perspectiva de gênero nas políticas e práticas de gestão da água nos países de língua oficial portuguesa e nos países ibero-americanos através do acesso equitativo de mulheres e homens à água potável, saneamento, segurança alimentar e sustentabilidade ambiental.
Contato:
grupogeneroagua@gmail.com
Fórum de Discussão:
--------------------------------------------------------------------------------
Nenhum comentário:
Postar um comentário