segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Águas do Amanhã - Expedição pelo Iguaçu revelou tragédia ambiental, em 2011


Opinião
Expedição pelo Iguaçu em 2011 revelou tragédia ambiental

João Rodrigo Maroni, editor do projeto Águas do Amanhã e da Gazeta do Povo

Entre as inúmeras iniciativas desenvolvidas pelo projeto Águas do Amanhã [2010 a 2011] para conscientizar os paranaenses sobre a importância de se preservar o principal rio do estado, a mais marcante foi a expedição que percorreu, de carro e de barco, os principais trechos do Iguaçu – de Curitiba a Foz. Embarquei juntamente com outros colegas de imprensa e técnicos da UFPR em uma jornada de cinco dias, em abril do ano passado.
Durante a expedição, coletamos amostras de água para avaliação técnica. O resultado que a sonda mostrava apenas reiterava o que nossos olhos e narizes sentiam. Na região de Curitiba, o Iguaçu é um rio morto. E fede como tal. Quase não há peixes. Os poucos corajosos que resistem, precisam respirar junto à lâmina d’água, onde o pouco oxigênio que sobra se concentra. Uma das medições ocorreu em um ponto logo abaixo de onde a estação de tratamento de esgoto Cachoeira, da Sanepar, em Araucária, despeja o efluente teoricamente tratado. O índice de oxigênio dissolvido na água ali é de 2,6 miligramas por litro (mg/l), quando o ideal é de, no mínimo, 5 mg/l. Outros fatores que indicam poluição, como a concentração de clorofila, nitrato e a turbidez da água, também estavam altos naquele ponto e em outros dentro da Região Metropolitana de Curitiba.
É bom lembrar, no entanto, que a poluição do Iguaçu tem origem complexa. Vem do lixo jogado direta ou indiretamente no rio, de esgotos clandestinos – mesmo quando há rede de coleta disponível – e até do desmatamento das margens provocado pela ocupação desordenada, além, claro, do tratamento ineficiente do esgoto coletado.

A boa notícia é que o Iguaçu, ao longo de seu trajeto natural até as soberbas Cataratas,  ainda tem a capacidade de se autorregenerar. Por quanto tempo não sabemos. Para quem vive nos arredores de Curitiba, sobrou conviver com o desastre ambiental, o risco de doenças, o mau cheiro e a vergonha de viver em uma sociedade que deu as costas para seu maior patrimônio natural. Puxou a descarga e deixou para lá.



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