uins-de-magalhães encontrados mortos no
litoral gaúcho
O pinguim-de-magalhães é uma espécie que se reproduz nas costas
leste e oeste da América do Sul, desde o Chile até a Argentina. Todos os anos
após a fase reprodutiva, os indivíduos realizam a troca da plumagem, processo
esse denominado de muda e que antecede os deslocamentos anuais da espécie.
Acredita-se que os indivíduos que se reproduzem nas colônias mais ao norte da
distribuição da espécie, como na Península Valdés e Punta Tombo, possam atingir
a costa brasileira. O CECLIMAR/IB/UFRGS tem recebido historicamente, através
de seu setor de Reabilitação, pinguins que chegam à praia debilitados, feridos
ou sujos de óleo, entre as localidades de Torres e o Parque Nacional da Lagoa
do Peixe, no município de Tavares. A análise dos dados entre 1998 e 2011 indica
que o mês de maior recebimento de pinguins pelo CECLIMAR foi o mês de julho,
sendo que se pode utilizar o número de recebimentos no setor de reabilitação
como um indicador do número de animais que aparecem na orla. Com o intuito de
melhor entender a dinâmica dessa espécie no litoral gaúcho, o CECLIMAR iniciou
este ano um monitoramento semanal de duas áreas para avaliar a mortalidade da
espécie. As áreas percorridas são de Imbé a Torres e de Tramandaí a Quintão. A
cada semana uma das áreas é monitorada. Nesse sentido, os trabalhos foram
iniciados em 15 de junho de 2012 e até o presente momento já foram realizados
cinco monitoramentos onde foram encontrados respectivamente: 10, 126, 71, 26 e
512 espécimes mortos. É importante ressaltar que a maioria dos espécimes
encontrados na última semana eram animais juvenis e que estão no primeiro ano
de vida e são inexperientes. Todos apresentavam o mesmo padrão de autólise dos
tecidos (estágio de decomposição), estavam magros, com alta carga parasitária,
ausência de lesões externas e ausência de óleo na plumagem. Todos esses
aspectos associados à entrada de frentes frias na última semana são condizentes
com o padrão de encalhes observado no litoral gaúcho anualmente, embora
tenhamos tido uma grande concentração entre Tramandaí e Cidreira (n=368), e que
indica ser fruto do processo de seleção natural. Para melhor avaliação e
interpretação da causa mortis foram coletados 30 espécimes para realização de
análises histopatológicas pela Faculdade de Veterinária da UFRGS. Em paralelo
aos estudos dos encalhes o CECLIMAR vem desenvolvendo e colaborando com uma
série de estudos sobre a espécie no que tange à ecologia alimentar, isótopos
estáveis, filogeografia, anilhamento e fauna parasitária, para um melhor
entendimento sobre a sua dinâmica populacional.
Admin: Antonio Carlos
Pinheiro.
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