quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Incêndio no Parque da Restinga em Pontal do Sul: cidadã exige providências !

Movimento SOSBICHO noticia incêncio criminoso ocorrido na área de preservação ambiental Reserva Estadual da Restinga, no litoral do Paraná, no Balneário Pontal do Sul, Município e Pontal do Paraná.
Testemunha protocola carta ao Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, pedindo providências.
Publicamos abaixo a carta.
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Ilmo Senhor


Secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Paraná

Neste domingo, dia 18 de dezembro de 2011, fomos testemunhas de um incêndio que destruiu parte da Reserva Estadual da Restinga, em Pontal do Sul, Município de Pontal do Paraná – PR.

O incêndio se iniciou por volta das 13:30 horas, quando fortuitamente passávamos pelo local em direção ao mar.

Imediatamente comunicamos o Guarda-Vidas do Corpo de Bombeiros – PR (que não havia visto o que ocorria, visto que estava atento com os banhistas), que imediatamente comunicou o Corpo de Bombeiros de Paranaguá. Pudemos observar que houve alguma insistência por parte deste servidor no convencimento a seus pares de que a situação era muito séria mesmo.

Não satisfeitos, também fomos de volta à nossa residência e reiteramos o pedido ao 193.

Após 30 minutos, quando o fogo já atingia a área de um campo de futebol (segundo um dos bombeiros, mais de um), com o vento batendo em direção ao continente, o fogo se alastrou e em duas horas, tínhamos pelos menos quatro campos de futebol totalmente calcinados pelo fogo.

Na região atingida observamos que algumas espécies animais terão suas futuras gerações comprometidas, como é o caso das “Corujas Buraqueiras”, que tinham um de seus locais de reprodução e nidificação, exatamente naquele ponto. (Registro fotográfico).

Fomos informados por uma família de cidadãos que retornava da praia, que viram exatamente o momento em que dois jovens do sexo masculino, um dos quais portando um gorro azul (o que chamou a atenção das testemunhas, pois o dia estava quente, com sol,), atiraram duas garrafas de “pinga”, segundo eles, na vegetação e atiraram fogo.

Este depoimento foi confirmado, quando a família retornou, consternada com a conseqüência do ato criminoso a que foram testemunhas. Não se predispuseram a testemunhar em juízo.

Promovemos um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia Local (anexo).

O que nos causou estranheza, foi o fato de, estando em risco uma reserva de preservação permanente, como é a área da qual estamos tratando, ser monitorada e atendida de forma tão precária e irresponsável, numa situação de risco de tal monta, em que apenas três homens do Corpo de Bombeiros, portando tão somente apagadores manuais e uma bomba de água nas costas, pois decidiram não adentrar com o caminhão, que ficou estacionado na Avenida Aníbal Cury.

Um cidadão também auxiliou os Bombeiros.

Durante todo o período em que o fogo estava ativo, gerando fumaça que cobriu todo o Balneário de Pontal do Sul, sequer uma viatura da Polícia Militar - Batalhão de Polícia Ambiental, compareceu no local para verificar o que é que poderia estar ocorrendo.

O que sabemos, é que há pessoas que não ficaram satisfeitas com a as barreiras para veículos que foram colocadas nas entradas que dão acesso ao mar, ao ponto de ouvirmos de banhistas, diante do incêndio, argumentarem que “era bom mesmo”, pois assim mostravam que o acesso à praia deveria ser aberto para não impedir a entrada de socorro. Outros argumentaram que ali “só tinha mato mesmo”, que não faria a menor diferença, demonstrando desconhecimento absoluto da importância daquele ecossistema.

Por outro lado, sabemos que há também forte interesse imobiliário naquele local, de forma que a destruição de um ponto estratégico como o que foi atingido pelo fogo, logo justificaria um estacionamento, ou loteamento, ou qualquer atividade geradora de renda.

O que esta cidadã requer desta Secretaria:

1) Que se reitere nosso pedido de inquérito para se identificar responsáveis, pois houve ali um crime ambiental, inclusive apurar se há mandantes;

2) Que se solicite o mais rapidamente possível um levantamento de danos ambientais;

3) Que se implante um programa de Educação Ambiental para acompanhar as ações da Operação Verão, visto que tivemos informações de que não haverá este tipo de política nesta temporada e a população que ali comparece precisa aprender a respeitar aquele ecossistema;

4) Que se apure porque não houve comparecimento da Polícia Ambiental, em face da agressão de área de preservação permanente;

5) Que fique registrada esta ocorrência para que, em caso de novas incorrências do gênero, possamos caracterizar crime premeditado.

Contando com o acatamento de nossa demanda e acreditando estar contribuindo para uma política de respeito ao meio ambiente, agradecemos antecipadamente.

Curitiba, 20 de dezembro e 2011.

Assintura (identidade preservada)

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O Movimento SOSBICHO vai acompanhar o caso: já protocolou documento no Centro de Apoio às Promotorias - Meio Ambiente, dirigido ao Procurador Coordenador, solicitando acompanhamento do caso.
Também está buscando apoio de outras organizações ambientalistas no sentido de criarmos um Observatório do Litoral do Paraná, que sofre ameaças de grandes empresários e de grileiros.
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Fotos do incêndio:

Onde o fogo começou, a partir da ação criminosa de dois jovens
Cidadão sai ao auxílio dos bombeiros
Casa das corujas buraqueiras: próximas gerações comprometidas
Trabalho solitário dos Bombeiros

Ao fundo Ilha do Mel
Trecho da área queimada que pode chegar a 4 campos de futebol

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