COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO
O termo serve tanto à corrente chamada por seus críticos de "ambientalismo de mercado" -representada pela economia neoclássica, que crê na tecnologia para superar a finitude dos recursos- quanto ao decrescimento, segundo o qual os países devem parar de crescer.
As correntes ligadas à economia ecológica ganharam força na década de 1960 com o romeno Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994).
Roegen foi o primeiro teórico a aplicar as leis da física à economia. Tomou emprestada a lei da entropia, da termodinâmica, para explicar que o sistema econômico não é um moto-perpétuo capaz de alimentar a si mesmo de forma circular, sem perdas. Ao contrário disso, gera rejeitos e poluição.
Roegen influenciou vários economistas nas décadas seguintes ao dizer que a natureza impõe limites físicos ao crescimento contínuo.
Alguns de seus seguidores, como o norte-americano Herman Daly, ex-diretor do Banco Mundial, defende o "estado estacionário" para os países que já alcançaram um alto patamar de renda -Dinamarca, por exemplo. Significa estabilizar produção e população.
Conforme essa corrente, países ricos deveriam buscar o estado estacionário deixando espaço para que os pobres cresçam até um nível suficiente de prosperidade.
Há ainda quem radicalize a ideia do estado estacionário, como o francês Serge Latouche, autor de "Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno" (Martins Fontes, 2009, R$ 24,90). Para ele, os países devem parar de crescer. Os pobres ainda podem continuar crescendo -mas pouco, sem buscar um padrão de vida "perdulário".
A ideia dessa freada brusca pode soar como um impropério em um país como o Brasil, recém-alçado à sexta economia do mundo. Mas o crescimento zero vai acabar chegando ao dia a dia dos países, "por bem ou por mal", na avaliação do economista Ademar Romeiro, professor da Unicamp.
"Não é uma questão de ser ou não factível. Não há como todo mundo continuar crescendo perpetuamente. Isso é insustentável."
DESCASAMENTO
Para Ricardo Abramovay, economista e professor da USP, os ganhos de eficiência e tecnologia ajudam, mas estão longe de resolver o problema da finitude dos recursos naturais.
"Nos últimos 20 anos a economia global produziu consumindo 23% menos materiais e emitindo 21% menos carbono", diz.
No entanto, população e consumo aumentaram exponencialmente, anulando os ganhos de eficiência num processo de 'descasamento' (do inglês, "decoupling"). "Isso mostra que é falsa a expectativa de que, graças à tecnologia, poderemos continuar com o pé no acelerador do crescimento."
Fonte: Folha de São Paulo, Caderno Especial Rio + 20, 05.06.2012
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