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| N° Edição: 2241 | 19.Out.12 - 21:00 | Atualizado em 26.Nov.12 - 14:08
Preservação remunerada
Projeto criado por ONG e poder público paga mensalmente para que fazendeiros mantenham as matas que protegem rios e encostas de morro em suas propriedades
Larissa VelosoMAIS RENDA
O cafeicultor paranaense Paulo Fenato recebe R$ 600
por mês para preservar nascente em sua fazenda
O longo bate e volta que se tornou a modificação do Código Florestal passa a impressão de que é impossível a convivência entre quem produz e quem protege a terra. Enquanto esse embate segue indefinido, há iniciativas que mostram que, sim, ruralistas e ambientalistas podem encontrar saídas negociadas. No norte do Paraná, nas cercanias do município de Apucarana, pequenos produtores são recompensados em dinheiro para preservar a mata nativa dentro de suas propriedades. Um dos entusiastas da novidade é o cafeicultor Paulo Fenato. Há três anos, ele recebe R$ 600 mensais da prefeitura da cidade para manter 50 metros de floresta no entorno de uma nascente. “Eu cultivava café naquela área. Quando entrei no programa, simplesmente deixei a mata crescer de novo”, diz Fenato.
A iniciativa faz parte do projeto Oásis, da Fundação Grupo Boticário. A instituição negociou a recompensa junto à prefeitura de Apucarana. Os recursos para pagar os fazendeiros vêm da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), principal beneficiada pela preservação dos rios locais. Mais de 100 proprietários da região já aderiram ao programa. Para eles, a garantia de uma renda fixa mesmo sem uma boa colheita vale a pena. “Quando falamos de pagamento por serviços ambientais é justamente o não uso daquele recurso. É manter esses benefícios pagando por isso, pelo serviço ambiental que vai estar disponível por muitos e muitos anos. É um conceito bem diferente e ainda novo no Brasil”, diz a diretora-executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes.
Por trás da preservação remunerada existe uma ideia simples: a de que é preciso reconhecer e contabilizar os benefícios gerados pela conservação ambiental. Florestas que crescem nas encostas de morros, por exemplo, previnem desastres ambientais e podem poupar milhões de reais em custos emergenciais, sem falar nas vidas perdidas. Matas ciliares evitam que um rio seque, permitindo o abastecimento de cidades e plantações. E isso tudo naturalmente, sem nenhum custo ou necessidade de manutenção. Quem disse que dinheiro não dá em árvore?
Foto: divulgação
Fotos: Dida Sampaio/AE
Fotos: Dida Sampaio/AE
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