segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Jubarte escapa de extinção mas continua ameaçada


Marina C. Vinhal/Creative Commons / Na Praia do Forte, na Bahia, é oferecido passeio para turistas observarem cetáceos em alto-marNa Praia do Forte, na Bahia, é oferecido passeio para turistas observarem cetáceos em alto-mar
FAUNA MARINHA

Apesar do crescimento da população de baleias na costa brasileira, sistema de proteção não é suficiente. Criação de santuário está em discussão


10/10/2012 | 00:13 | AGÊNCIA EFE

Nos 35 anos em que a caça de baleias está proibida no Brasil, o número de jubartes que visitam o litoral cresceu de mil para 11.418. Porém, não há expectativa de que volte ao patamar de 30 mil, como era antes de a espécie quase ser extinta pelos navios baleeiros. “Dificilmente conseguiremos uma recuperação total. O mais provável é que a população continue crescendo por um tempo, mas chegará um momento em que se estabilizará”, explicou a bióloga Márcia Engel, diretora da ONG Instituto Baleia Jubarte.
Além da caça, há outras ameaças que limitam o aumento da população, como as mudanças climáticas que reduzem a quantidade de alimentos, a contaminação dos mares e a poluição sonora submarina. A ONG constatou o lento e gradual crescimento da população das jubartes em levantamentos aéreos realizados desde 2002. No primeiro censo foram contados 3.396 exemplares no Espírito Santo e na Bahia. Três anos depois, com a conta estendida a todo o litoral brasileiro, o número chegou a 6 mil.
Mil baleias jubarte
Essa era a quantidade estimada em 1966, quando a caça foi proibida no Brasil. Agora, 11 mil foram localizadas na costa.
No século 20 foram caçadas cerca de 200 mil baleias de várias espécies no Hemisfério Sul por empresas que usavam sua gordura como combustível ou argamassa em construções. “O aumento da população é uma consequência direta do fim da caça comercial, mas também dos estudos que permitiram conhecê-las melhor e lançar campanhas de preservação que incluem uma redefinição das rotas marinhas e a criação de parques que lhes servem de santuário.”
As jubartes, que medem até 16 metros e chegam a pesar 40 toneladas, viajam anualmente cerca de 4.500 quilômetros até a Antártida, onde permanecem a maior parte do ano, em busca de krill – crustáceo minúsculo que serve de alimento. A população de krill se reduziu por conta do aquecimento dos oceanos, e esse déficit de alimento é a principal hipótese para explicar o recorde de quase cem baleias encalhadas no litoral brasileiro em 2010. A jubarte migra para águas tropicais do Brasil, durante o inverno, para acasalar e dar à luz.
“As autópsias não revelaram nenhuma doença, pelo que é muito provável que as mortes estejam relacionadas a problemas de alimentação”, explicou a bióloga. Outras ameaças são as capturas acidentais em redes de pesca e os choques com embarcações. Apesar de a caça estar proibida no Brasil, a pressão de países como Japão, Islândia e Noruega para acabar com a moratória mundial à caça de baleias, decretada em 1985, continua sendo uma ameaça para a espécie.
A principal esperan­ça é que a Co­missão Baleeira In­ternacional (CBI) crie um santuário de baleias no Atlântico Sul, proposta feita pela primeira vez pelo Brasil em 2001 e que este ano esteve a ponto de alcançar os votos necessários. A proposta, apoiada pelos 11 países latino-americanos que integram a CBI, recebeu em julho o respaldo de 38 dos 61 países presentes (65%), mas seguirá em estado de espera, uma vez que precisava do apoio de ao menos 75% das nações
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Fonte: www.gazetadopovo.com.br

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