Emerson de Oliveira
Na Serra do Mar, floresta do tamanho de Curitiba vai virar unidade federal de conservação
17/10/2012 | 00:12 | KATIA BREMBATTI
Uma faixa de terra repleta de Araucárias entre as BRs 277 e 376, na Serra do Mar, está prestes a se tornar a mais nova unidade federal de conservação ambiental no Paraná. O processo de criação do Parque Nacional Guaricana entra em fase final. Depois de anos de levantamentos e consultas, depende agora apenas de algumas canetadas. Encravada nos municípios de São José dos Pinhais, Morretes e Guaratuba, a área tem 40 mil hectares – o tamanho de Curitiba.
Parte da terra já pertence à União. A fazenda Guaricana, de 7 mil hectares, era do Banco Bamerindus e foi repassada ao governo. Em 2009, levantamentos foram realizados para avaliar a possibilidade de incorporar mais áreas conservadas. O engenheiro agrônomo Emerson de Oliveira participou dos estudos iniciais de implantação. Em meio à mata fechada, há registros de grandes felinos, como jaguatirica e puma. “É provável que até onças existam em função do tamanho e do estado de conservação”, diz.
Oliveira salienta que a área tem potencial para uso público, principalmente turístico. “Tem a facilidade de acesso pela rodovia e tem uma vista que pode ser comparada a que os visitantes encontram no Parque de Itatiaia (RJ). Para quem gosta de montanha, é um prato cheio. Além disso, existe um caminho antigo, semelhante ao do Itupava”, comenta. Algumas desapropriações deverão ser feitas. Contudo, não há moradores na área. “É uma das últimas oportunidades de criar uma área de Mata Atlântica desse tamanho”, diz.
Pelo ritmo da ameaça à natureza, Oliveira diz que as unidades de conservação podem ser “o máximo que conseguiremos deixar às futuras gerações, e isso se a legislação sobre esse tema também não for alterada”. Um dos empecilhos para a criação do parque seria o interesse do Ministério de Minas e Energia na liberação de três pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
Equipes da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) já foram a Brasília pedir agilidade na criação do Guaricana. “Não sabemos por que ainda não saiu”, conta Mariese Muchailh, coordenadora de Biodiversidade e Florestas na Sema. “A área é importante e o estado tem interesse em sua criação”, destaca. O secretário estadual do Meio Ambiente, Jonel Iurk, defendeu a relevância da unidade a ser implantada e enfatizou que o governo federal tem tomado cuidado para dirimir os conflitos de uso da área antes da efetivação do parque.
O Ministério do Meio Ambiente informou, por nota, que “as propostas de criação de unidades de conservação federais têm sido encaminhadas para a Presidência da República somente após entendimentos internos e após pactuação com os estados abrangidos”.
Estado ficou seis anos sem novas áreas
O Guaricana deve ser o sexto parque nacional no Paraná e a décima quinta unidade federal de conservação no estado. Parques são áreas de proteção integral, em que somente turismo, educação ambiental e pesquisa são permitidos. São unidades de preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica.
A proximidade com outro parque – o Saint-Hilaire/Lange – é importante para formar o que os biólogos chamam de mosaicos: áreas que facilitam a troca genética entre as espécies e maior incidência de grandes mamíferos, que precisam de vastas extensões de terra para sobreviver.
Após seis anos sem o anúncio de novas unidades federais de conservação no Paraná, foi decretada, em junho, a criação da Reserva Biológica Bom Jesus, entre Antonina e Guaraqueçaba, no Litoral. A área também é decorrente de uma antiga fazenda do banco Bamerindus. Com 34 mil hectares, a reserva fica dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, que está sujeita a menos restrições de uso. Permite-se, por exemplo, a presença de agricultura e moradias.
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/meio-ambiente/conteudo.phtml?id=1308454
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