Outras vezes, quando recomendamos aos pais que não comprem animais para seus filhos, também ouvimos como resposta que gostariam muito de ver seu filho crescendo na companhia de um cão, de um gato, quem sabe de uma família de animais.
Não poucas vezes, as pessoas não entendem a razão pela qual dizemos que por trás da venda de animais esconde-se uma cadeia de crueldades.
E quando dizemos que o comércio e animais alimenta o abandono, aí sim é que nos olham com aquele ar de quem não entendeu ou de que quem falou aquilo (no caso, nós), somos malucos: se a pessoa vai até uma feira para comprar um animal porque ela “deseja” ter um animal, este já seria motivo suficiente para que ela não abandonasse o animal.
Vamos então por partes: se desejamos ter um animalzinho ao nosso lado, porque queremos cuidar e um outro ser, porque temos tanto amor para dar, porque eles nos trazem alegria e nos fazem companhia e nos ensinam como viver em paz, como conquistar nosso lugar e defendê-lo, como amar incondicionalmente, por que comprá-lo, se temos milhares de animais que precisam ser adotados, aguardando um lar, uma pessoa “para chamar de seu ?”
Se queremos um amigo, precisamos fazer a pergunta: você compra seus amigos ?
E temos que fazer outra pergunta ainda: você escolhe seus amigos pela aparência ?
A convivência dos seres humanos com os animais remonta a milhares de anos: uns falam e 5.000 e outros até em 10.000 anos.
Esta convivência, às vezes benéfica, às vezes não, hoje tem sido avaliada como muito boa para seres humanos e cães e gatos. E isto porque as famílias humanas se constituindo em menos membros, e muitas vezes, de um só membro, abre espaço para que caninos e felinos façam parte desta família. As composições familiares são variadíssimas.
Não é difícil vermos adesivos nos carros que mostram o que seja família para cada um: papai, mamãe, filho e cãozinho. Papai, mamãe, filho, filha, gatinho, gatinho, gatinho. Homem e cão. Mulher, Mulher e cão, gato. Homem, homem, cão, cão. E por aí vai.
Estudos têm demonstrado um aumento nestas tendências: seja na forma de composições, seja na freqüência da existência de animais neste círculo.
Se estes animais hoje são membros da família, temos que fazer a pergunta: a gente compra filho ?
Então não podemos comprar animais.
Além do fato de que comprar quem amamos, escolher nossos amigos pela aparência e comprar um membro da família é um desvirtuamento moral, há alguns aspectos que estão embutidos ou escondidos no comércio de animais que devem ser trazidos à tona: a criação dos animais esgota as “matrizes” até a última gota de sangue e sopro de vida; as condições de vida dos animais de cativeiro para procriação que têm chegado ao conhecimento de ativistas da defesa dos animais não têm nada do “charme” das feiras de animais ou dos pets de estilo. As fêmeas, ao não “servirem mais” como matrizes reprodutoras, são abandonadas como lixo. Pois não são mais lucrativas ao negócio. Pois é disto que vivem os criadores. Do lucro tirado da vida de cães e gatos reprodutores. Animais “com defeito”, são sacrificados ou abandonados à morte. Pois não “compensa criá-los”.
Quando transformamos animais em mercadorias, em coisas, banalizamos o seu valor. A compra de um produto, associado a outros, todos hoje descartáveis, pois vivemos na era do consumo rápido e do descarte rápido, faz com que eu confunda o valor daquilo que eu compro: assim, da mesma forma que descarto um tênis que acabei de comprar porque tem um novo e mais cool no mercado, assim também eu faço com os animais que compro, pois a venda de animais também segue a tendência da moda. Há inclusive liquidação (ver nossa postagem ref. Feira de Animais em Curitiba) de animais pela metade do preço, quando o “estoque está alto”.
Liquidação e animais em feira de Curitiba: atitude reprovável ! |
E para onde você acha que vai o cãozinho da “coleção passada” ? Para a rua !
Assim, vamos refletir:
Os animais são companhias maravilhosas sim: mas vamos adotá-los.
Há centenas e centenas e organizações e de protetores independentes que dedicam suas vidas no resgate, reabilitação e preparo de animais para novos lares.
A educação de seu filho para o respeito à dignidade de todos os seres não pode passar pela compra de um animal, pois você estará criando uma confusão de valores na cabeça dele, pois um amigo, não se compra.
Ah, não é para seu filho, é para sua namorada ? Um animal adotado vai fazer você subir no conceito dele (dela) ?
E se não é para seu filho, é para você ? Melhore sua auto-imagem: adote um animal resgatado !
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